A expectativa era tal que as horas (e até os dias) que antecederam o concerto foram de um nervoso miudinho que me chegou a irritar. Ora bolas, só ia assistir a um concerto! Mas a verdade é que não era um concerto qualquer. Era Novembro!
A curiosidade que me levou a procurar a banda no início do ano, a forma como desde a primeira audição me senti fatalmente ligada, as transformações na formação, a criação da Novembro P1... Tudo isto (e muito, muito mais) me transportou até Guimarães com um nível de expectativa que nunca tive antes. E que dizer agora, em hora de balanço, de um concerto que me fez levitar num momento de magia em que a entrega, ora da banda, ora minha, ora de tantas outras pessoas que se deslocaram ao Centro Cultural Vila Flor por Novembro, foi de uma totalidade e devoção incríveis?....
As únicas notas negativas foram parte do público, que não conseguiu compreender o privilégio que estava a ter, e a compreensível escassez de tempo de concerto (uma vez que a nova formação dispôs de pouquíssimas oportunidades para se preparar e adaptar, tendo sido por isso forçada a deixar de lado algumas das canções do álbum, como Gastei Contigo as Palavras ou À Deriva, e outras não lançadas no primeiro registo do colectivo como Abandono ao Crepúsculo ou Vagabundo das Horas).
Se por um lado a novidade da formação encurtou o tempo, por outro serviu de exemplo para perceber a qualidade e a harmonia entre os elementos que encaixaram muito bem: Miguel Filipe (que dispensa apresentações) conta no seu "Exército de Fantasmas" com a força de Rui Alves na bateria (também a trabalhar com J.P. Simões e Vitorino), Hugo Leitão no teclado, Diogo no baixo e João Portela na guitarra (o resistente da formação que gravou o álbum À Deriva ao lado do mentor Miguel Filipe).
As maiores diferenças, para mim que sou uma leiga, notaram-se talvez no baixo e na bateria: ambos com uma presença mais forte e mais constante, mesmo nas canções que no registo de estúdio não entravam. Também a voz do líder do projecto soa de uma forma bem mais intensa no registo ao vivo, e por isso também (ainda) mais envolvente.
O decorrer do concerto foi um desenrolar de emoções que fizeram levitar as almas mais devotas. Se nas primeiras duas canções (Jornada dos Passos Cegos e Solidão a Dois) se notou um nervosismo geral, quer da banda, quer do público que demorou a acalmar, a partir de Plenitude todo o cenário se transformou num mundo mágico por onde se flutuava ao som de melodias que numa linguagem de trevas transmitiam uma beleza perturbante. Grande momento com "Plenitude" (possivelmente pela minha adoração a esta canção), "Leva-me Daqui" e a finalizadora e estrondosa "Algemas".
Quanto à Novembro P1, diria apenas que me tornei fã daquele som eléctrico com que soavam as nossas notas tão portuguesas.... É muitíssimo difícil descrever algo tão novo e tão intenso. O vídeo que se segue traz uma pequeníssima amostra do som que Miguel Filipe arranca da sua "menina". No fim, digerindo o momento que acabara de viver, só o consegui qualificar de hipnotizador...
Bravo, Senhores!
7 comentários:
Estou a ver que acabei por perder um bom concerto. E voltar a encontrar os Novembro com um bilhete tão acessível é achado que dificilmente se vai repetir!
Espero que se repita em breve!
O Miguel é um tipo de excepção no mundo dos homens. Sabe e adora criar e, acredito que, muito em breve, muitos mais o perceberão.
Interessante o teu relato... fez-me lembrar a primeira vez, há uns anos valentes, que ouvi a maqueta na aparelhagem da sala: voei.
Bj e obrigado pela dedicação ao VA e aos Novembro
(era uma excelente ideia :D)
... parabéns pela descrição do concerto, até eu voei ... acho mesmo que devias ser crítica de música (existe, o feminino de crítico, não existe?!?)
bijinho*
Olá,
Já agora aproveito para te deixar duas (boas) sugestões:
www.dourofm.blogspot
Aqui podes ouvir o "Portugal Rebelde", formato rádio. Quarta-Feira, 22/24h.
www.portugalrebelde.podomatic.com
Aqui podes tornar a ouvir e fazer download de alguns "sons Rebeldes"!
Beijinhos "Rebeldes"
não conhecia mas vou saber mais sobre eles. gostei. o que vale é vir-te à cabeça trazer estas coisas interessantes:)
Olá!
Olha, pode, de facto,vir-te à cabeça, "à real gana", enveredaresa por uma carreira na crítica musical. Fazem falta bons críticos.
Se puderes, comenta o novo post que me veio à cabeça.
Bravo
Saudações amigas
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