Hoje pela manhã apercebi-me que andava a gastar muita água no duche. Percebi que tentar apagar pessoas e memórias da alma me andava a corromper a pele de tanto a esfregar e que o fazia tão furiosamente que acabava por esquecer que o mais importante para me manter jovem, fresca e hidratada era ter a capacidade de massajar cada momento e deixá-lo penetrar suavemente na pele para que pudesse acalmá-la e alimentá-la de lições e exemplos frutíferos para o futuro. O tempo e a água que desperdicei irritaram-me de tal forma a alma que lhe perdi a doçura e a maturidade. Por fim apercebo-me que se ali estão é porque num momento da minha história encheram as folhas do meu caderno de cores alegres. E porque o fizeram merecem um lugar em mim. Por isso decidi fazer um uso sustentável do banho: com menos água e mais carinho vou parar de tentar arrancar da pele as pessoas e memórias que estão tatuadas na minha pele. O melhor de tudo isto é que resultado salta à vista na primeira sessão e já sinto uma enorme leveza da qual não me quero mais separar.
Para banda sonora deste registo deixo-vos o meu adoradíssimo Antony, em jeito de homenagem à noite mágica vivida no passado sábado no Theatro Crirco (que ao que parece se repetiu em magia no Porto e em Lisboa).